CHAMADA ESPECIAL: CASOS DE ENSINO PARA UMA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA

2024-01-15

CHAMADA ESPECIAL: CASOS DE ENSINO PARA UMA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA

1 APRESENTAÇÃO

O empreendedorismo e a educação empreendedora tem sido, a partir das décadas de 70/80 do século passado, objetos de pesquisa e ensino (Guimarães, 2003; Kuratko, 2005). No Brasil, somente a partir da década de 90 as Instituições de Ensino Superior passaram a incluir disciplinas de empreendedorismo na grade curricular dos cursos da área de Ciências Sociais Aplicadas. O primeiro artigo sobre educação empreendedora – métodos, conteúdos e práticas de educação para o empreendedorismo – publicado em periódico nacional data de 1998 (Gimenez, 2017).

Sobre o conteúdo dos cursos de educação empreendedora, especialistas defendem a necessidade de se contemplar o conhecimento considerado funcional (Fayolle, 2013). Esse tipo de conteúdo exige a utilização de métodos de ensino que se caracterizem por colocar o aluno em situação de protagonista do seu aprendizado. Em outras palavras, pressupõe o uso, pelo professor ou facilitador, de metodologias consideradas ativas e vivenciais, de forma a permitir que o aluno experencie e seja capaz de refletir sobre situações e problemas do mundo organizacional e empresarial (Alberton & Silva, 2018; Fayolle, 2013). Nas palavras de Schaefer e Minello (2020, p. 139): “a educação empreendedora, então, reúne propostas de ensino e aprendizagem orientadas à ação, como a aprendizagem experiencial, a aprendizagem pela ação, a aprendizagem contextual, a aprendizagem centrada em problemas, a aprendizagem cooperativa.”.

Na educação empreendedora, além do desenvolvimento de projetos e planos de negócios, o uso de casos de ensino é indicado como uma estratégia pedagógica interessante para promover o desenvolvimento de criatividade na solução de problemas, para facilitar a compreensão da relação entre aspectos teóricos e o quotidiano empresarial, bem como para estimular, nos discentes, as habilidades analíticas e críticas. Mas no que consiste um caso de ensino? Alberton e Silva (2018, p. 750) definem casos de ensino como:

“uma modalidade de trabalho que abrange um relato de uma situação vivenciada por um profissional, uma organização privada, pública ou do terceiro setor, ou ainda um projeto específico de natureza prática e/ou social, que apresenta um dilema a ser analisado no contexto do ensino de graduação ou pós-graduação. Desta forma, o método do caso subsidia o processo de tomada de decisão, oportunizando a maior integração entre a teoria e a prática”.

No Brasil, casos de ensino no processo ensino-aprendizagem ainda são pouco utilizados (Faria & Figueiredo, 2013), mas a expansão da educação empreendedora e do crescimento das publicações que discutem o empreendedorismo, deve alterar esse quadro. É neste contexto que esta chamada especial e temática se insere. A REVISE convida pesquisadores que elaborem e submetam, ao periódico, casos de ensino, entendendo, como Faria & Figueiredo, (2013, p. 192) que:

“É importante que o desenvolvimento de casos de ensino com foco em empresas brasileiras ganhe envergadura, para que os docentes brasileiros tenham à sua disposição casos que retratem a realidade de seus alunos, considerando que uma das principais críticas dirigidas ao método do caso é precisamente a de que o cenário retratado nos casos não corresponde à realidade brasileira”.

Para esta edição especial, espera-se a avaliação e publicação de casos de ensino que tenham como pano de fundo o processo empreendedor e sua complexidade inerente. Assim, casos que versem sobre empreendedorismo tecnológico, empreendedorismo social, empreendedorismo sustentável, empreendedorismo feminino e outros são bem-vindos. Os casos podem ser apresentados de diversas maneiras, como o formato clássico – Harvard Business Case Studies – ou formatos mais flexíveis, como os casos narrativos e/ou artísticos. Entretanto, a composição dos casos de ensino em duas partes – caso e notas de ensino – é obrigatória.

 

2 PROCESSO DE SUBMISSÃO

A data final para submissões é 31 DE JULHO DE 2024. Todas as submissões ocorrerão por meio do sistema da revista. O número especial será publicado até 28 DE FEVEREIRO DE 2025.

 

3 FORMATAÇÃO PADRÃO

A apresentação dos trabalhos deverá seguir a NBR 14724 da ABNT:

- Tamanho da fonte: 12 para o texto e 10 para citações, notas de rodapé, legenda de ilustrações e das tabelas;

- Fonte: Arial

- Margens: superior (3 cm); direita (2 cm); inferior (2 cm); esquerda (3 cm)

- Citação longa: 4 cm da margem esquerda

- Parágrafo: 1,5 cm

- Espaçamento:

Texto: 1,5 cm

Citações longas (mais de três linhas): simples

Referências: simples, com espaços de 1,5 cm entre as diferentes referências

Legendas de ilustrações e tabelas: simples

O caso de ensino não poderá exceder 10.000 palavras, incluindo título, resumo, palavras-chaves em português e em inglês,  tabelas, figuras e lista de referências.

Número máximo de autores: 4 autores.

Os casos submetidos deverão conter duas partes: (i) caso; (ii) notas de ensino. Ambas partes deverão constar em um único documento, levando-se em consideração o limite de páginas estipulado.

A estrutura do caso:

- Título (em português), chamativo e conciso, representando o caso que será abordado. Máximo de 100 caracteres.

- Resumo simples, em até 200 palavras, demonstrando o objetivo do caso, sua aplicação e relevância.

- Palavras-chave: entre 3 e 5 palavras-chave

- Corpo do caso: o corpo do caso deverá conter

  • A introdução do caso de ensino deverá descrever a problemática inicial do caso, os personagens envolvidos, a empresa ou atividade em foco, o contexto para a tomada de decisão, etc.
  • Descrição e caracterização da organização, como histórico recente, fatos relevantes que irão compor o dilema explorado pelo caso de ensino, produtos/serviços comercializados, informações qualitativas e quantitativas relevantes, dados mercadológicos, contexto de atuação, etc.
  • Alternativas de decisão, ou seja, as possibilidades de ação em que os estudantes irão debater e que irá servir como ligação entre o corpo do caso e as notas de ensino. Importante que o(s) autor(es) não esgote(m) os cursos de ações possíveis, uma vez que os estudantes poderão criar soluções não previstas no manuscrito.
  • Fechamento do caso ou dilema, o momento em que será estabelecido, pelo(s) autor(es), a inquietação que levará a atividade a ser executada pelos estudantes.

- Notas de ensino: todos os casos de ensino submetidos à RELISE deverão ser acompanhados das respectivas notas de ensino. As notas deverão cumprir os seguintes requisitos

  • Dispor, de forma concisa e objetiva, as alternativas pedagógicas necessárias para a aplicação do caso de ensino em sala da aula, assim como o público-alvo de interesse e contexto de aplicação (ex: materiais necessários, infraestrutura necessária, etc.).
  • Estabelecer quais são as atividades necessárias, resultados esperados e, também, comportamentos esperados por parte dos estudantes.
  • Deverão apresentar e dissertar sobre o conteúdo teórico e metodológico, relativos ao caso de ensino em questão, que serão necessários de serem conhecidos pelos facilitadores e repassados aos estudantes. Sugere-se que a exposição teórica seja exposta e desenvolvida por meio de questões (Questão 1, Questão 2, etc.).
  • Expor as possíveis alternativas/soluções ao dilema, fomentando a geração de discussões ricas e que possam ser gerenciadas por facilitadores diversos.
  • Referências bibliográficas que sustentem os debates teóricos expostos durante as notas de ensino.

Durante a submissão será necessário enviar documento escrito que comprove a autorização de publicação do caso por parte da empresa/organização estudada, sendo esta responsabilidade do(s) autor(es).

Profª Liliane de Oliveira Guimarães

Prof. João Paulo Moreira Silva

 

Referências

Alberton, A.; da Silva, A. B. (2018). Como escrever um bom caso para ensino? Reflexões sobre o método. RAC - Revista de Administração Contemporânea, 22(5), 745-761.

Faria, M., & Figueiredo, K.F. (2013). Casos de Ensino no Brasil: Análise Bibliométrica e Orientações para Autores. RAC - Revista de Administração Contemporânea, 17(2), 176-197.

Fayolle, A. (2013). Personal views on the future of entrepreneurship education. Entrepreneurship & Regional Development, 26(7-8), 692-701.

Gimenez, Fernando A. P. (2017). Empreendedorismo – bibliografia de artigos publicados em periódicos brasileiros  Curitiba: Ed. do autor.

Guimarães, L. O. (2003). Empreendedorismo no currículo dos cursos de Administração: uma análise da organização didático-pedagógica. Revista Economia & Gestão, 2,3 (4,5), 78-95

Kuratko, D. F. (2005). The emergence of entrepreneurship education: development, trends, and challenges. Entrepreneurship Theory and Practice, 577-597.

Schaefer, R.; Minello, I. F. (2020). Desafios contemporâneos da educação empreendedora: novas práticas pedagógicas e novos papéis de alunos e docentes. (2020). Revista da Micro e Pequena Empresa, 14 (3), 134-149.